Sobre quem te vê sorrir mas que não sabe das suas lágrimas de ser quem você é



Este não é um texto de autoajuda. É quase um autofragelo por ser 15:26 da tarde e eu estar sonhado com as 18h48 e o fim do expediente.

Só mais quatro anos para chegar aos 30. Essa, em tese, contagem regressiva tem tirado meu sono no quesito o-que-fazer-da-vida. Também penso em como a internet hoje está lotada de poetas e autores desconhecidos e motivacionais que, de fato, dão um certo alívio no final da leitura, mas que depois a gente acaba ficando na mesma. Eu fico na mesma depois de desabafar sem parar no meu blog, esperando algo que não vai cair do céu, ou que algo mude sem que eu tenha que me mexer.

E é aí que eu me sufoco. Vivo angustiada olhando pro relógio do computador que parece cravar sempre os mesmos minutos. A rotina, então, nem se fala. Sabe quando você se dá conta de que faz a mesma coisa todos os dias? O mesmo caminho, a mesma playlist no spotify, as mesmas postagens nas redes sociais e os assuntos rotineiros que são sempre a mesma coisa.

Fico pensando na minha carta de motorista que não consegui tirar. Ou da minha mãe pagando aluguel há mais de 30 anos e não ter uma casa própria. Ou dos boletos e mais boletos que não dão em nada. Do videogame que não consigo ter tempo de jogar. Da máquina de costura récem adquirida que não tenho tempo para aprender a mexer.

Tá certo. Há quem diga que as vitórias têm a ver com passos diários e com lutas silenciosas dentro da gente. Que há começos que são fins e fins que são só o começo. Isso até faz sentido fora da prática. Na hora de bater o penalti, quando o goleiro fica dançando na sua frente e tentando ficar um pouco adiantado, é sua decisão que vai contar. E o lado que você escolher pode ser errado.

É difícil não se frustrar, não é? A gente tenta. A gente tenta não criar expectivas, mas não tem como. Quando a fundação do nosso coração sente-se instável ou quebrada, é difícil encontrar nosso balanço. Trabalho vira fardo, a saúde torna-se um desafio, a confiança vai por água abaixo e tomar decisões é mais difícil ainda.

Por outro lado, enquanto nós estamos lutando para encontrar nosso equilíbrio, também estamos de pé no precipício de possibilidades. E o que fazer enquanto a hora não passa? Tentar me acalmar e pensar que já passou quarenta e um minutos desde que comecei a escrever esse texto.


Talvez ajude.
Ou só piore minha ansiedade.

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